Post de agradecimento

Muitas vezes a gente esquece de agradecer pelo simples fato de estar vivo.
Semana passada estava eu no ônibus a caminho do trampo quando de repente um dente começou a doer. Até aí tudo bem, apenas uma doer de dente. Mas a dor foi aumentando e se tornando insuportável. Daí lembrei da Lei de Murphy:

"Quando um dente doer, ele irá doer da pior forma possível e no pior lugar em que você estiver e longe de qualquer dentista".

Bom, eu estava na Radial Leste e tentei ligar no celular da minha dentista, mas a promoção do meu chip da Oi já havia expirado, estava sem créditos... e acredito que estava sem créditos na vida naquela terça-feira.
Mas mesmo assim agradeci a Deus pelo ônibus não ser Via Marginal Tietê. Pelo menos poderia descer ali no Tatuapé e ir correndo até uma farmácia atrás de um analgésico. E foi o que eu fiz. E agradeci a Deus por conseguir descer do ônibus porque, dizem que quando a dor se torna muito insuportável a pessoa pode desmaiar. E eu podia ter desmaiado no ônibus e as pessoas, nesses tempos de crise, terem levado minha mochila e minhas roupas, me deixando de cueca e ainda poderia ser abusado pelo afrodescendente de grande porte que sentava ao meu lado. Mas agradeci a Deus por ter conseguido atravessar a Radial e chegar até uma farmácia... que estava em reforma. Mas agradeci a Deus por ter conseguido chegar a outra farmácia a cinco quarteirões que não estava em reforma e comprei um Tynelol. Tomei um a seco porque não tive nem tempo de procurar por um copo d'água.... vai que a padaria tá em reforma.

Irresponsavelmente medicado, fui voltando até a Radial Leste pra pegar outro ônibus e tentar chegar no serviço já sem dor alguma. Mas a dor não passou e ainda por cima começou a doer o ouvido e a cabeça.
Mas agradeci a Deus por ser só em um ouvido e só em uma cabeça.
Corri até um orelhão na esperança de falar com minha dentista, mas o celular dela estava fora de área.
O jeito era voltar pra casa na esperança de encontrar os remédios para todas as minhas dores. E atravessei a Radial novamente para pegar o ônibus. E agradeço a Deus por ter atravessado a Radial e não ter tido um derrame cerebral e ser atropelado. E agradeço mais ainda por não estar apenas de cueca no momento do atropelamento, dessa forma não seria enterrado de cueca como indigente, visto que meus documentos estariam na mochila que as pessoas do ônibus teriam levado junto com minhas roupas.

Enfim, agradeço a Deus por estar vivo após essa dor de dente.
Mas irá me agradecer muito mais a pessoa que estiver na mesma situação que a minha, descer do ônibus, atravessar a Radial em busca de uma fármacia (a qual estará em reforma), mas mais adiante encontrar uma cartela de Tynelol com 3 comprimidos que esqueci em cima do orelhão.